Levantamento aponta aumento de 21% no tempo médio de internação em UTI

O tempo de permanência de pacientes internados em unidades de saúde supletiva aumentou de 2019 para 2021. Segundo levantamento feito pela True, empresa especializada em auditoria e compliance de Saúde, o crescimento aconteceu em internações gerais e em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). 

Em 2019 o tempo médio de um paciente em internação geral era em torno de cinco dias. Em 2020, já com a pandemia do novo coronavírus em curso, essa média saltou 25%, alcançando sete dias de internação. Em 2021 os números se mantêm iguais, cerca de sete dias de internação.

Para os pacientes graves, que são tratados em UTIs, esse tempo de permanência sofreu aumento ainda mais expressivo. Em 2019 o tempo médio de internação em unidades de tratamento intensivo era de sete dias. Em 2020 esse tempo cresceu 12%, foi para oito dias. Em 2021 há um salto que indica a gravidade das internações. O tempo médio de permanência de um paciente em UTI subiu 21% e chegou a 10 dias.

Os custos de internação também subiram para as operadoras de saúde suplementar. Em 2019 o valor médio pago por uma internação era de R$ 30 mil. Em 2020 esse valor subiu 40% e passou a ser de R$ 45 mil. Já em 2021, com maior tempo de internações graves, esse custo sobe mais 18% e chega aos R$ 55 mil. 

A médica e diretora técnica da True, Camila Rodrigues, explica que esse aumento de internações se deu, principalmente, por conta da dimensão que a pandemia do Covid-19 tomou no Brasil.  “A quantidade de dias dos pacientes em UTI após o início da pandemia deve-se à alta gravidade da doença. Evidenciamos que aqueles que possuíam alta carga viral também evoluíram para formas mais graves da covid, e necessitavam de internação em UTI. A mutação e fortalecimento do vírus em conjunto com a falta de cuidado e conscientização das pessoas resultou  em uma evolução rápida e perigosa, demandando internações mais prolongadas”, explica.  

A médica afirma que ainda não é possível prever quando ocorrerá a normalização do sistema de saúde, mas que com a vacinação em andamento a tendência é de queda nos casos e no surgimento de novas variantes. “Não é possível fazer uma previsão exata de quanto e quando haverá redução da taxa de internação hospitalar, porém, com a evolução da vacinação em massa, a tendência é diminuir a transmissão viral e com isso o surgimento de novas variantes, que acabam tendo impacto nas na transmissibilidade e nas internações hospitalares”.

Volume total de pacientes diminuiu – Embora o tempo médio de permanência em hospitais tenha aumentado, o volume total de pacientes atendidos diminuiu, conforme análise da empresa. Segundo o CEO da True, Waldyr Ceciliano, isso possibilitou a diminuição no valor de pagamentos dos planos suplementares pela primeira vez no Brasil, que devem cair 8,19% na categoria individual, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Embora os pacientes estejam dando entrada em unidades de saúde com quadros mais graves e que demandam maior tempo de permanência em internação, o número total de pacientes atendidos reduziu 25% de 2019 para 2020. Muitos cancelaram exames e procedimentos eletivos para se resguardar da covid-19, o que possibilitou a diminuição dos custos ao usuário”, explica. 

Os dados foram catalogados pela empresa com base no seu sistema de data analytics, que gerencia KPIs e informações periódicas de 2,5 milhões de beneficiários de sistemas de saúde suplementar. O levantamento contempla os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal.