Pós-pandemia e RN 443 da ANS abrem mercado para profissionais de compliance e auditoria interna

O mundo corporativo se apressa na busca de ferramentas e métodos que tragam transparência e segurança para as empresas, de modo que estejam adequadas aos modelos de integridade já existentes no mundo. O combate à corrupção e aos desvios de condutas na América Latina ainda são vistos como desafios, mas o tema ganhou forças durante a pandemia do novo coronavírus e especialistas defendem que o futuro de empresas sólidas depende diretamente de ações voltadas para compliance e auditoria. O assunto foi tema de um workshop durante o 8º Congresso Internacional de Compliance, realizado no último dia 30 em São Paulo. 

O painel “Passado, presente e futuro. O que se espera das funções de Auditoria, Controles Internos e Compliance, e como elas podem interagir para uma melhor efetividade da governança das companhias” foi ministrado pelo CEO da True Auditoria, Waldyr Ceciliano, pelo CCO da companhia, Lucas Jacomassi, e pelo diretor regional da Galvanize no Brasil, Carlos Loureiro. Os palestrantes discutiram qual a prospecção e expectativa do mercado atual e futuro em relação às funções de compliance e auditoria interna.

Antes baseada apenas na linha de defesa, o compliance atual prevê maior integração das áreas de uma empresa, visando que as funções e departamentos tenham convivência harmônica e estejam mutuamente engajadas com a cultura de integridade da marca. Hoje o mercado espera mais proatividade dos profissionais de compliance e auditoria, de forma que a mitigação prévia de riscos impeça a necessidade de defesa como nos moldes do passado. Esse modelo integrado passou a ganhar mais espaço em 2020, durante a pandemia do novo coronavírus. 

O CEO da True destaca que diversos métodos de trabalho adquiridos durante a crise sanitária permaneceram no ambiente de trabalho. “Nesse período crítico vimos que é possível trabalhar no sistema home office e acompanhar os programas de integridade mesmo que à distância. A tendência é que o mercado migre para um modelo híbrido, dividido entre home office e presencial, pois, ambos possuem suas especificidades e devida importância em determinadas situações”. Ele ressalta ainda a exposição necessária que as funções de compliance e auditoria ganharam por conta da situação pandêmica. “Muito ouvimos sobre desvios de recursos, tanto em instituições públicas quanto privadas. Desde então, o compliance ganhou espaço nas rodas de discussão das empresas, como um selo de qualidade, que de certa forma é. Situação de emergência não é precedente para agir fora dos ritos da lei e o papel do compliance é fiscalizar e impedir isso”. 

O workshop também tratou sobre a Resolução Normativa n° 443/2019 da ANS, que dispõe sobre práticas mínimas de governança corporativa na saúde suplementar. “Esse é o momento de grande oportunidade para quem está adentrando ao mundo do compliance. Essa resolução requer um trabalho de integridade por parte das operadoras que, em sua maioria, não possuem departamentos específicos para a realização de tal. É uma porta que se abre no mercado de Saúde”, explica Ceciliano.

O diretor regional da Galvanize, Carlos Loureiro, falou sobre a importância de investimento em sistemas para monitoramento contínuo de KPIs, especialmente para empresas de médio e grande porte. “Tivemos uma experiência com uma marca global que tem mais de 197 mil funcionários pelo mundo. A empresa tinha dificuldades de monitorar as métricas para prevenção e mitigação de riscos devido a sua dimensão. Com o sistema que implantamos foi possível reduzir a exposição de fraude em pedidos de compras na ordem de R$ 100 milhões para R$ 9 milhões em apenas seis meses”, explica Loureiro.

Os palestrantes destacaram que o profissional que pretende ingressar ou se aprimorar nas funções de compliance e auditoria devem possuir habilidades de relacionamento e integração com equipes e setores, ter conhecimento de riscos cibernéticos, como ataques de hackers, além do uso e aprimoramento de sistemas informatizados. Esse conjunto de atuações é essencial para mitigar riscos, prever danos e promover a economicidade das empresas.

O congresso: Em sua oitava edição, o evento conta com temas inovadores e diferenciados em apresentações simultâneas e ordenadas por trilhas de conhecimento. No dia 30 de novembro, no Workshop Day, os 15 temas mais procurados em compliance foram debatidos com abordagem prática e em cinco salas simultâneas. Os dias seguintes, 1º e 02 de dezembro, integram o Main Event, voltado aos maiores desafios para o desenvolvimento de cultura de compliance no Brasil e na América Latina. Entre os painéis, palestras, entrevistas com especialistas, autoridades e jornalistas, nomes nacionais e internacionais de referência trazem as últimas novidades e importantes insights sobre tendências e expectativas de compliance para 2022.

O encontro acontece no Villa Blue Tree, em São Paulo (Rua Castro Verde, 266, Chácara Santo Antonio – São Paulo – SP). Inscrições pelo site: www.congressodecompliance.com.br