Na era digital, onde a troca de informações acontece de forma constante e a tecnologia permeia todos os aspectos da nossa vida, a proteção dos dados sensíveis na área da saúde torna-se mais crucial do que nunca. Infelizmente, casos de vazamento de informações médicas, como fotos antes de cirurgias, têm sido cada vez mais comuns, sendo compartilhados de forma massiva através de redes sociais ou na deep web, gerando preocupações legítimas sobre privacidade e segurança.
Esses incidentes não apenas comprometem a confidencialidade dos pacientes, mas também têm sérias repercussões emocionais, sociais e legais. Se imagine, por um momento, na pele de alguém cuja foto antes de uma cirurgia íntima foi divulgada sem consentimento. Além do constrangimento e da violação da privacidade, há um impacto devastador na confiança em relação às instituições de saúde e aos profissionais médicos envolvidos.
Para além do impacto pessoal, o vazamento de dados sensíveis na saúde pode ter consequências financeiras e legais significativas para as partes responsáveis. Além de processos judiciais, que podem resultar em compensações financeiras substanciais para as vítimas, as instituições de saúde e os profissionais médicos envolvidos também podem enfrentar sanções regulatórias e danos irreparáveis à sua reputação.
O que pode ser feito para prevenir e lidar com esses incidentes?
Em primeiro lugar, é essencial que as instituições de saúde implementem medidas robustas de segurança da informação, incluindo o uso de criptografia, controle do ciclo de dados coletados e treinamento regular para os funcionários sobre práticas seguras de manuseio de informações. Além disso, é fundamental que os pacientes estejam cientes de seus direitos e saibam como denunciar violações de privacidade às autoridades competentes.
Segundo Waldyr Ceciliano, médico e CEO da True,empresa especializada em auditoria, consultoria e compliance para o setor de saúde, a proteção dos dados é fundamental para garantir a confiabilidade dos pacientes. “O cuidado com os dados sensíveis na área da saúde é uma prioridade absoluta. É preciso investir continuamente em tecnologias avançadas e treinamento especializado para garantir que as informações dos pacientes sejam tratadas com o mais alto nível de confidencialidade e segurança. Além disso, uma equipe de compliance voltada à área da saúde também é muito importante. Lembrem-se que as sanções em decorrência da LGPD podem chegar a R$ 50 milhões e, em alguns casos, os danos reputacionais podem levar à operadora ou instituição de saúde à falência”.
O CEO aconselha ainda que as empresas coletem apenas os dados necessários, sem exagerar nos pedidos de informações aos pacientes. “Atentem-se às informações que realmente sejam necessárias para o cadastro daquele paciente. Evitem um acúmulo desnecessário de perguntas, pois são mais dados que deverão ser cuidadosamente manipulados e guardados”, explica.