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Compliance é a profilaxia contra assédios no setor de saúde

O assédio sexual é uma forma de violência que causa danos emocionais, psicológicos e muitas vezes físicos às vítimas. O ato pode acontecer em diversos contextos, como no ambiente de trabalho, na escola, na rua, em relacionamentos afetivos e, inclusive, em atendimentos de saúde. Recentemente, diversos casos de abusos praticados em clínicas e hospitais vieram à tona, reforçando a necessidade de medidas que previnam esse tipo de crime e punam o agressor. A boa notícia é que há solução. Ações corporativas como a implantação de um sólido programa de compliance podem ajudar no combate e conscientização de ações do tipo. 

No ano passado, o caso de abuso sexual cometido por um médico anestesia durante o parto de uma paciente ganhou destaque na imprensa e nos conselhos de classe da área da saúde. No início deste mês, um médico radiologista foi preso no Rio de Janeiro após abusar de uma mulher durante um exame ginecológico. “O abuso é algo inadmissível em qualquer âmbito da sociedade, mas, quando relacionado à saúde, o trauma é ainda maior. Estamos falando de crimes cometidos contra pessoas que já estão emocionalmente fragilizadas ou em situação vulnerável, como em uma sedação, por exemplo. Essa prática é inaceitável e precisa ser tratada com seriedade pelas empresas e órgãos reguladores”, destaca Waldyr Ceciliano, médico e CEO da True, uma empresa especializada em auditoria e compliance para o setor. 

Infelizmente, esses não são casos isolados. Uma pesquisa do Instituto Datafolha revelou que quase metade das mulheres brasileiras (46,7%) sofreu algum tipo de assédio sexual em 2022. O número é o maior desde o início do levantamento, em 2017. O combate para essa prática deve acontecer de forma conjunta e requer informação e estrutura para identificar, acolher e investigar denúncias. A implantação de programas de compliance pode ser uma importante aliada nessa luta, uma vez estabelece uma cultura organizacional que valoriza o respeito, a igualdade e a diversidade, reduzindo as chances de ocorrerem casos de desvio de conduta. “O compliance é a profilaxia contra o assédio, pois ele instrui, monitora, identifica e soluciona problemas do tipo. É um recurso que garante a segurança dos colaboradores e usuários dos serviços da organização”, explica Ceciliano.

Programas de integridade são compostos por um conjunto de práticas que têm como objetivo garantir que a empresa atue em conformidade com as leis e normas vigentes, evitando riscos de sanções legais e prejuízos à sua reputação. Essas ações podem incluir a criação de canais de denúncias, pesquisas de satisfação com os funcionários e a realização de treinamentos para sensibilizar os colaboradores sobre a importância de prevenir e relatar casos de assédio nesses ambientes. 

O CEO explica que quando operado por uma empresa independente, esses recursos tendem a alcançar melhores resultados devido à imparcialidade nas ações de investigação. “Uma pessoa que vivenciou ou presenciou um caso de abuso ou assédio precisa se sentir segura para denunciar. Um programa de compliance independente favorece as denúncias, traz mais transparência e segurança”.

Bom para os dois lados – Além de proteger seus colaboradores e beneficiários, empresas de saúde que investem em programas de compliance diminuem drasticamente as chances de danos financeiros e de imagem à instituição. “Quando um escândalo vem à público, a empresa tem muito a perder com isso, inclusive em questões financeiras devido a processos e indenizações. Um programa de integridade bem elaborado pode salvar instituições de graves crises reputacionais”, reforça o CEO.